Foi comovente e ao mesmo tempo dececionante assistir ao primeiro debate entre António Costa e o novo líder parlamentar do PSD.
Comovente por se confirmar que a política pode ser melhor desde que exista vontade e um nível intelectual superior, como é o caso de Fernando Negrão, uma pessoa respeitável e respeitadora, um deputado que transitou da área da justiça, um juiz que tem da política uma visão de serviço e na vida uma postura vertical. António Costa e Ferro Rodrigues não perderam a oportunidade para o saudar e sorrisos cordialmente enganadores atravessaram o hemiciclo.
O pior é o resto: ter a capacidade não só de divergir mas também de atacar o adversário onde mais lhe doer. E nessa missão Negrão só não dececiona porque é, afinal, fiel a si próprio. O seu discurso é mole, os temas são rebuscados – outra vez o Montepio?! – a agressividade que emerge, tímida, é de plástico. Por isso, a oposição fraqueja e a situação rejubila.
Para mais, o CDS, ao contrário do PSD, tem a líder no Parlamento, e Cristas não hesita em incomodar o Governo e em morder os limites da urbanidade para dizer o que tem de ser dito, irritar o primeiro-ministro e contestar, com o êxito possível nesta altura, as suas políticas. Fernando Negrão é demasiado decente para o papel que quis assumir. E que Rui Rio aceitou para sua desgraça.
Observador, Sábado, 8MAR18
Fernando Negrão? Demasiado decente
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