Os adeptos do Real Madrid que anteontem sofreram até a sua equipa conseguir a “remontada” frente ao Málaga, em jogo da Taça do Rei, vibraram com a jogada individual de Khedira, que fez o 1-2 e restaurou a esperança, aplaudiram o oportunismo e a velocidade que levaram Higuain a restabelecer a igualdade, rejubilaram com o instinto matador de Benzema, que lhes deu a vitória, e só não entraram em êxtase com a “chilena” de Cristiano Ronaldo – que faria o 4-2, ao cair do pano – porque o português partiu para o remate de posição irregular.
Mas a noite no Santiago Bernabéu viveu ainda dois momentos de emoção, de uma emoção mais rara e que contraria a tradicional ingratidão dos homens: um foi quando o ex-madridista Van Nistelrooy pisou o relvado para o aquecimento, sob aplausos; o outro quando o veterano goleador holandês abandonou a partida, aos 61 minutos, com a bancada a erguer-se para uma estrondosa ovação.
Pormenor importante: na altura da substituição do velho ídolo, o Real perdia, 0-2, e a disposição dos adeptos não era a melhor. Poderíamos em Portugal viver situação semelhante? Estou em crer que não. O afeto deixou de ser proritário para os portugueses.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 5 janeiro 2012