Quando se está entre a espada e a parede, aprendi há muito tempo que se deve sempre escolher a espada. Isso quer dizer que se estivesse no lugar do responsável pelo Corpo de Intervenção teria detido o juiz negacionista mal ele se encostou a mim e me apontou o dedo à cara. Depois se veriam as consequências. Porque ficaria bem comigo, não seria humilhado perante as câmaras de TV, reforçaria o respeito dos homens sob o meu comando e cumpriria o dever de defender a autoridade do Estado – desafiada por um magistrado suspenso de funções e claramente afetado.
Mas uma coisa é o que se faria ‘se’, outra é a realidade. E ao contar até dez, o graduado da PSP evitou uma situação mais complicada e pensou no seu futuro e na família que depende do seu salário. Não podemos julgá-lo quando sabemos que o desrespeito pelos agentes da autoridade, ratificado por alguns juízes, não tem parado de crescer e com resultados à vista: altas figuras do Estado são atacadas porque os delinquentes sabem que nada lhes acontecerá. Mas atenção: insultos e ameaças são apenas testes para ver até onde é permitido ir. Se o Estado não reagir com mão pesada a este perigo público emergente, os criminosos começarão a bater. E a sério.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 18set21
