Luis Díaz prometeu: “Vamos tentar fazer o mesmo, amassá-los desde o início”. Era com o que devia ter contado o Benfica na partida da Taça e é o que vai encontrar no Dragão, na quinta-feira. Não tem desculpa, já provou o veneno e agora fizeram até o favor de o avisar. O problema está na capacidade atual de Jorge Jesus para criar o antídoto à segunda dose do vendaval portista.
Não haja ilusões. Se o Sporting exibe a confiança e a determinação que compensam a menor experiência de alguns dos seus jogadores é porque eles olham para Rúben Amorim e veem ali o seu líder. E se o FC Porto consegue ultrapassar resultados menos favoráveis, e iniciar um jogo como se não houvesse amanhã, é porque quem entra no relvado olha para Sérgio Conceição e vê nele o seu líder. É verdade, liderança, essa qualidade que uns têm e outros não – e que não é coisa pouca.
Não é o que falta a Jorge Jesus – é o que lhe sobra. De tal modo, que se vai notando nas tropas da Luz alguma saturação com um treinador que exige tudo – como lhe compete – mas que não assume culpas na hora da derrota. É por isso difícil acreditar que um líder que não tem no carinho e na solidariedade trunfos da sua ação, consiga impor aos homens que comanda o esforço suplementar que evite, no retorno ao solar dos dragões, o novo ‘amasso’ que lhes foi anunciado. Para mais, após três dias (!) de pausa de Natal e com a volta da covid, que já encostou Grimaldo…
Acontece que no futebol não existem dois desafios iguais e que aos jogadores do Benfica não resta outra opção que não seja puxar dos galões e deixar tudo em campo. Até porque há pormenores que devem ser olhados para além do resultado da semana passada. Desde logo, o primeiro golo, nascido de um ressalto, ainda os portistas nada tinham feito de relevante – nem tempo para tal havia. A seguir, o segundo golo, com um guardião sem jogos a sair da baliza ‘à maluca’, a falhar a bola e a vê-la sobrevoá-lo a caminho das redes. Depois, o golo anulado por 4 centímetros – um preciosismo antifutebol – e que, a ser válido, podia ter despertado os benfiquistas da hibernação. E temos, claro, o caso de Evanilson, que marcou pela segunda vez quando já devia ter ido tomar banho.
É, assim, a hora certa de lançar o ‘joker’. Jorge Jesus, que teria muito a perder com uma repetição do insucesso, não pode falhar na escolha ‘do onze’ – insistirá no equívoco André Almeida? – nem na estratégia para lá da óbvia: entrar no clássico pronto a tentar ‘amassar’ o FC Porto antes que o contrário se repita. Jesus tem uma vida que fala por si e esta é uma oportunidade de ouro para lançar o grito de CR7: “Eu estou aqui!” É que para piorar o cenário, o Flamengo julga que já arranjou treinador e o inevitável regresso ao Rio não será opção nos próximos dois ou três meses…
Parágrafo final para Artur Agostinho, o ‘diretor dos diretores’ de Record, que teria completado, no dia de Natal, 101 anos. Com profunda admiração, deixo aqui, no ‘seu’ jornal de sempre, um abraço à filha Teresa, que tem sabido manter viva, com um amor imenso e comovente persistência, a memória do mestre inesquecível, seu Pai. Chapeau!
Outra vez segunda-feira, Record, 27dez21