No início da semana, um jovem repórter de TV, acabado de ser lançado às feras, dizia-nos, à beira Tejo, que o mau tempo fizera suspender as carreiras de barcos para a Trafaria e Porto Salvo (?) – ele referia-se a Porto Brandão – e acrescentava que isso duraria até às xis horas “desta terça-feira” – e era segunda.
Trata-se apenas de mais um exemplo não só da pouca disponibilidade que hoje existe nas redações para dar formação aos recém-chegados, como da deficiente preparação com que tantos alunos saem das faculdades e das mãos de alguns docentes que sabem tanto de comunicação como de chinês.
É que não há notícia de nenhum abaixo-assinado, ou sequer das habituais manifestações de gozo nas redes sociais, contra a desqualificação desses cavalheiros e de lamento pelo compadrio que os pôs lá. Mas vejo, sem surpresa, que muitos licenciados de aviário alinham agora, com acéfalo fervor, em graçolas e comentários de desdém pelo facto de Passos Coelho ter sido convidado a dar aulas de Administração Pública – área em que dispõe de óbvia competência – no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Não é o Google que mata o jornalismo, os seus maiores inimigos são os de sempre: cegueira e estupidez.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 10MAR18
Burros de aviário em campanha contra Passos Coelho
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