A insistência em Bruno Cortez é desesperante. Já se viu que o lateral brasileiro não tem perfil para atuar no Benfica e parece ponto seguro que será despachado mal reabra o mercado, mas mesmo assim ei-lo a titular mais uma vez. Razoável a atacar, duro de rins e medíocre a defender, não demora a fazer asneira. Ontem, logo aos 18 minutos, pontapeou a atmosfera em vez da bola, com o seu melhor pé, o esquerdo, e com isso iludiu Artur, que deixou passar o centro-remate de David Simão. Sem esse golo ridículo, o desfecho do jogo poderia ter sido outro.
Não que o Benfica se tivesse apresentado ao nível do investimento feito no plantel e da expetativa criada aos adeptos. Revimos na Luz uma constante da época: onze jogadores pouco rápidos e nada ralados quando perdem a bola e exibindo aquela atitude que enche os cemitérios de gente talentosa – vamos ganhar isto com uma perna às costas. Mentira, com essa atitude precisavam de três pernas. Se chegassem.
Os adeptos do Arouca e os seus profissionais que me perdoem mas considero, teoricamente e do ponto de vista individual, o seu onze um dos mais frágeis (?) da Liga. Coletivamente a conversa já é outra porque, como ficou demonstrado, constituem uma verdadeira equipa. E se o golo de David Simão nasceu de um golpe de sorte, a meias com Cortez, o segundo confirmou o poder da determinação e do conhecimento das capacidades próprias. Tal formiguinhas, foram andando, andando, e mal as primas-donas encarnadas e seus pesados rabos deram por isso já tinham a bola outra vez lá dentro.
Estacionaram os visitantes, antes e a seguir aos golos, o “autocarro” no seu meio-campo? É verdade, e depois? Desde quando é que o Arouca – como o Belenenses há dois meses, com idêntico sucesso – deve ir jogar à Luz com a pretensão de o fazer de igual a igual com o Benfica, qual cordeiro pronto para o sacrifício? Montar uma estratégia de contenção, de ocupação de espaços e de pontapé para a frente quando a solução não puder ser outra, é ilegal? No futebol, existem regras e, desde que sejam cumpridas, o que conta é o resultado final. E o Arouca empatou porque foi humilde, trabalhou, acreditou e viu premiado o seu esforço.
Não ganhar em casa ao último é sempre mau sinal para o primeiro. E quando isso acontece numa partida em que se foram metendo todos os avançados que estavam no banco e que terminou com Enzo a fazer o gesto de “gatuno” para o apitador, com Garay a recusar, com maus modos, trocar de camisola com um adversário, ou com Luisão a dizer das boas ao árbitro, a preocupação deve assentar praça na Luz. Hoje, o FC Porto pode alcançar de novo o Benfica e, amanhã, o Sporting “ameaça” ganhar vantagem e ficar a dois pontos. O que vale é que vem aí o PSG para aliviar a pressão.
Canto direto, Record, 7DEZ13
Benfica: uma atitude que pede três pernas
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