Alexandre Pais

Benfica, FC Porto e Sporting não se podem queixar

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Se Deus gostasse de futebol e se metesse nessa alhada teria sido perfeito na repartição dos quatro títulos da época futebolística: Supertaça para o FC Porto, campeonato para o Benfica e taças da Liga e de Portugal para o Sporting. E escrevo perfeito porque houve justiça nas decisões por muito que as paixões doentias tudo ponham em causa ao arrepio da razão. Pior para os que as sustentam, que desse modo se sujeitam a um sofrimento inútil.
O Benfica é campeão nacional porque foi mais regular e melhor equipa, porque ultrapassou as dificuldades de final de ciclo de Rui Vitória e porque, no duelo decisivo, venceu no Dragão. Dizem os inimigos que foi beneficiado pelas arbitragens. E foi. Beneficiado nuns jogos e prejudicado noutros, tal como os rivais, não sendo possível fazer uma liga a quatro, só com os erros dos árbitros, para se ver quem açambarcou os favores resultantes das asneiras dos homens do apito. A questão para mim é simples e estou aí de acordo com Pinto da Costa: se alguns árbitros já são maus no campo, como poderiam ser competentes a ver televisão na Cidade do Futebol? Certo é que o VAR melhorou muito a verdade desportiva. Agora perfeito, acreditem, nunca será. Uma nota para o treinador: a propósito dos jogadores do Benfica que ficaram aquém do rendimento esperado, Bruno Laje utilizou uma frase que raramente se ouve no futebol português. “Não tive capacidade”, disse ele. É encorajador pensarmos que há quem não perca a noção da realidade e a devida proporção do que nos é permitido alcançar.
O FC Porto fez também uma excelente temporada por muito que a Supertaça lhe saiba a pouco. Esteve nas finais das taças e perdeu as duas nos penáltis, foi eliminado da Champions por um super Liverpool e discutiu a liga até à derradeira jornada. E volto a subscrever palavras de Bruno Lage: “Houve muito mérito do FC Porto. Em Inglaterra, todos elogiam a época do Manchester City e do Liverpool. Por que não se pode fazer o mesmo aqui? O FC Porto fez 85 pontos, obrigou-nos a fazer 87”. Uma nota para o treinador: Sérgio Conceição que vá de férias e afogue as mágoas. Tomara a ele que, no futuro, todas as épocas das suas equipas fossem iguais a esta. Grande trabalho, ponto.
O Sporting fez ainda melhor que os dois principais concorrentes: conquistou não um, mas dois títulos. É verdade que venceu ambos em finais decididas nos penáltis – como sucedeu também nas “meias” da Taça da Liga, então a afastar o Sp. Braga – mas no futebol o que conta são os resultados e o cumprimento dos objetivos. E se considerarmos que esses êxitos – mais o terceiro lugar no campeonato, igualmente obtido a pulso – foram assinados por um “treinador ET”, vindo nem se percebia bem de onde e por quem ninguém apostava um euro, e que havia caído num clube de plantel dizimado e mergulhado em problemas, só podemos tirar o chapéu aos jogadores e a todos os que tiveram um papel no processo. Uma nota para o treinador: peço desculpa por ter sido um daqueles chauvinistas que não acreditaram na sua competência. O que conseguiu, nas difíceis condições que encontrou, é simplesmente admirável.
O último parágrafo vai para Pepe, animicamente destroçado pelo penálti falhado no Jamor e que acabou por ser fatal para o FC Porto. Podia ter acontecido com Bas Dost, o futebol é assim, mas calhou a fava ao internacional português, que já tantas alegrias nos deu e que vai, dentro de dias, na fase final da Liga das Nações, confirmar o que se sabe: que continua a ser um dos melhores centrais do Mundo.
Outra vez segunda-feira, Record, 27mai19

Por Alexandre Pais
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