Atravessamos o pior período de seca em duas décadas e repetem-se, na TV, as reportagens que anunciam dias mais negros. Há concelhos quase sem água e a racionar o fornecimento, dezenas de toneladas de peixes têm vindo a ser retiradas das albufeiras e só o Alqueva pode garantir o abastecimento por mais dois anos, se a situação se mantiver. E Lisboa? A persistir o drama da falta de chuva, não passará um ano sem que – como sucede em Roma – tenhamos horas para que corra um fiozinho de água nos canos.
Parece ser, aliás, o que esperam o Ministério do Ambiente e a Câmara da capital. O primeiro para fazer o que há muito tarda: uma campanha nacional para a poupança de água. Não adianta que feche a torneira quando lavo os dentes se o meu vizinho insistir em alagar as varandas. Quanto à CML, é chocante ver, como ainda ontem me aconteceu, zonas ervadas e mascaradas de relva – por vezes cheias de lixo – a serem regadas ao amanhecer, com criminoso transbordo para os passeios, também porque os sistemas de rega estão sem manutenção.
Dos fogos passámos para as eleições e destas para Sócrates. E quanto à água? É que se o ministro continuar a dormir a sesta, em breve tomaremos banho só ao sábado. E com garrafões.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 14OUT17
Banho só ao sábado
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