Durante anos, as novelas
portuguesas, com histórias dirigidas às preferências do público e com atores
bem escolhidos, venceram as brasileiras na guerra da popularidade. Não era
preciso muito, bastava juntar alguns intérpretes seniores – retirados da agência
Sempre os Mesmos – e ex-modelos com boa figura e capazes de dizer uma frase sem
se engasgarem.
Essa gente, oriunda de um
“mundo da moda” decadente e incapaz de a alimentar, representava sem ter escola
e era apenas admirada pelo palminho de cara. Armavam-se em comediantes mas não
passavam de manequins reciclados, com boa figura mas sem talento, mais úteis em capas de revistas cor de rosa do que na ficção.
Anos depois, a verdade veio
ao de cima e as telenovelas brasileiras voltaram a impor a sua qualidade e a
liderar as audiências. O último episódio de “Gabriela”, da SIC, ao arrasar a
“Casa dos Segredos”, da TVI, no último domingo, provou que não há indigência
que possa com um António Fagundes a simular genialmente um enfarte, em
cena que fica para a história da Televisão – e para a vida de quem teve a felicidade
de a ver.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do CM de 26 janeiro 2013