Os jornalistas da SIC entraram em conflito com a hierarquia por causa dos subsídios variáveis atribuídos aos principais pivôs da estação e, à hora a que escrevo esta crónica, estará até a decorrer em Carnaxide um plenário da redacção.
Não se discute aqui, obviamente, a razão que poderá caber a quem optou pelo recurso à nova remuneração ou a quem a contesta. É com a divergência que o Mundo avança.
O que me surpreende é que alguns não entendam a necessidade de preservar a imagem de uma estação e pensem que os recursos são para distribuir por igual, demagogicamente e sem ter em conta o valor, o empenho e as responsabilidades de cada um.
E mais me espanta ainda, como telespectador, que repórteres ao serviço de diversos canais – que se sabem arranjar quando vão a uma festa ou saem à noite – se coloquem à frente das câmaras de forma desleixada, de cabelo desalinhado e roupa descomposta, como se um salário menos justo desculpasse, por si só, a falta de brio e a negligência.
O dever da compostura visual foi-se perdendo, no jornalismo e no país, tornou-se até num conceito antiquado. Mas é chocante que, agredindo o desmazelo em televisão, os seus agentes possam exigir ser pagos para o evitar.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do CM de 12 fevereiro 2011