Foi um acontecimento feliz,
apesar dos cinco anos de atraso: concluiu-se, finalmente, o “túnel do Marquês”.
E o presidente da Câmara de Lisboa fez o que competia a um político responsável
e equilibrado ao convidar os seus antecessores imediatos para a cerimónia de
inauguração, amplamente divulgada por todos os canais.
Ao mesmo tempo, o gabinete de
António Costa revelava à comunicação social os contornos da demora: a tenebrosa
dívida à construtora – 22 milhões de euros! – pela primeira fase do túnel, que
o autarca herdou e que teve de pagar. E a posterior negociação para o fecho da
obra, com mais dinheiro dos contribuintes em cima.
Santana Lopes, o visionário de um projecto que serve indiscutivelmente a
cidade, usou essa medalha para acelerar o processo de ressurreição. Já Carmona
Rodrigues saiu mal na fotografia, com o chapão dos 22 milhões ao peito, e a
recordação do desastre que constituiu a sua gestão na câmara outra vez nas
nossas cabeças. A ânsia de protagonismo traiu-o de novo e o seu descaramento foi chocante
– não ficou em casa porquê?
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 14 abril 2012