Zita Seabra foi militante do
PCP, controleira e deputada, distinguindo-se em S. Bento pela agressividade. Um
dia, desiludida, largou o símbolo da foice e do martelo, que a levou a ser perseguida,
e continuou a sua vida, acabando por aderir ao PSD. Teve funções autárquicas e
regressou à AR, ou seja, passou da esquerda-esquerda para o centro-direita, não
só ao nível da opinião, como seria natural, mas também do desempenho de cargos de confiança política, como se o
seu passado tivesse deixado de lhe pertencer.
Está no seu direito? Está. A
verdade é que essa postura não lhe permitiu ir longe no PSD, pois o seu “arrependimento”
choca. É que Zita jamais poupou o anterior partido, divulgando factos, reais ou
supostos, e desrespeitando com isso os antigos companheiros de percurso.
Esta semana, lá voltou ela,
na SIC Notícias, perante um Mário Crespo sempre hábil na inquirição, a uns lamentáveis
“ouvi dizer” que apontavam para microfones-espiões escondidos nos ares condicionados vendidos pela antiga FNAC. Uma história absurda e mais uma tristíssima figura.
Que Deus lhe acuda porque
Marx já não pode.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 11 agosto 2012