Alexandre Pais

André Villas-Boas disse agora ser verdade o que antes classificou de palhaçada…

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Em novembro de 2009, André Villas-Boas e o Sporting chegaram a um acordo – garantem-me até que passado a escrito – para que o ex-observador de jogos da equipa técnica de José Mourinho sucedesse a Carlos Carvalhal como treinador do Sporting. A notícia, que fez manchete neste jornal, não agradou a Villas-Boas, então ao serviço da Académica, e caiu mal em Coimbra, pelo que o visado se apressou a desmenti-la, classificando-a de “palhaçada”.
Foi o que os adeptos mais fanáticos dos leões quiseram ler e ouvir para de imediato inundarem as redes sociais e os sites afetos à causa com insultos ao Record, aos seus jornalistas e ao diretor, acusados, como sempre que a vida não corre bem em Alvalade, de serem inimigos do Sporting e de só quererem, por isso, desestabilizar o clube. E como sempre também, ficámos sós com a verdade, já que nenhum dos outros envolvidos no segredo mal guardado teve a coragem – mais tarde que fosse – de confirmar o que se passara, o que significaria que nada mais tínhamos feito do que dar uma notícia, respeitando o nosso compromisso com os leitores.
Mas a mentira tem a perna tão curta que diz a sabedoria popular que se apanha mais depressa um mentiroso que um coxo. E André Villas-Boas revelou há dias, curiosamente ao mesmo jornal onde há nove anos trabalhavam os “palhaços”, que o citado acordo com o Sporting não só existiu como não foi posto em prática unicamente por ter havido divergência em relação aos técnicos-adjuntos, o que fez esmorecer o interesse leonino. O treinador acabou por ser contratado pelo FC Porto, cujo “namoro” a manchete de Record já apontava.
Moral da história: nada como o tempo para se vir a saber quem interpretou a “palhaçada”, ou seja, quem na realidade fez de “palhaço”. Por mim, tantos anos decorridos, sinto o maior orgulho pelos jornalistas com quem aqui trabalhei e que deram o seu melhor na procura das notícias – logo publicadas sem se cuidar se desagradavam a alguém.
A expulsão de Cristiano Ronaldo em Valência, demasiado rigorosa aos olhos do adepto mais desapaixonado, só pode ser vista como consequência lógica de um facto que muitos julgam, erradamente, ser uma fábula: CR7 deixou de estar protegido pelo escudo antimíssil do Real Madrid. Não foi o seu primeiro desgosto na fase Turim, nem será o último. No final de agosto, no Mónaco, soube três horas antes – já estaria a vestir-se no hotel quando resolveu voltar para casa? – que perdera para Modric o troféu de melhor jogador da Champions da época transata, desgosto que pode estar na iminência de se repetir, esta segunda-feira, com o prémio The Best. A acontecer, será a terceira deceção de Cristiano em menos de um mês, muito provavelmente para somar a uma quarta: o castigo que o impedirá de regressar a Old Trafford, a 23 de outubro, para um emocionante e sentimental Manchester United-Juventus. Ainda por cima, seria um acerto de contas com Mourinho, que não o terá querido mais nos “red devils”…
O último parágrafo vai hoje para Fredy Montero e para a excelência do lance de que veio a resultar o segundo golo do Sporting frente ao Qarabag. Sou fã, desde a sua vinda para Portugal, em 2013, do estilo discreto do colombiano, da sua superior qualidade técnica e da atitude profissional que mantém em campo do princípio ao fim do jogo. Chapeau!

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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