Alexandre Pais

A propósito de Raúl de Tomás que já cá não está

A

Em Espanha, o Espanhol de Barcelona – sétimo na tabela dos clubes históricos do país vizinho – garantiu o regresso a La Liga, com o ex-benfiquista Raúl de Tomás como máximo artilheiro do campeonato: 22 golos, a três jornadas do fim. Um “matador” um bocadinho mais eficaz que a oitava maravilha que o rendeu na Luz e que os encarnados esperam vender por 150 milhões… mas só para o ano.

Sim, porque o negócio da compra e venda de jogadores é complexo e não falta quem se espalhe ao comprido. E continuemos em Espanha para dar outro exemplo, com o arraial da comunicação social e dos internautas contra Eden Hazard, exigindo que Florentino Pérez se livre do avançado a qualquer preço. As lesões, o baixo rendimento, os cinco golos em duas épocas – contando já com o de ontem, que nem foi bem dele… – e os sorrisos nos cumprimentos aos ex-colegas do Chelsea, após a eliminação do Real da Champions, tornaram a situação insustentável.

Vale a pena voltar um pouco atrás e lembrar que Hazard foi adquirido em 2019 por uma verba que andará entre os 100 milhões e os 150 milhões de euros, dependendo de objetivos. Um ano antes, Cristiano Ronaldo deixara o Bernabéu e Pérez sonhou que ele seria facilmente substituído por um Gareth Bale até então de produção intermitente e que iria provar, enfim, o acerto da sua contratação. Mais adiante, também o jovem Asensio, recuperado de gravíssima lesão, seria indicado como a nova coqueluche da equipa. Tendo ambas as apostas falhado, o líder madridista tirou da cartola o coelho Hazard e deu-lhe até a camisola 7… O problema estava resolvido! O drama – com o qual D. Florentino se veio a confrontar demasiado tarde – é que o belga, como Bale e Asensio, pertence a um clube alternativo onde CR7 não entra: o das pernas de vidro. E nem o título, que ficou agora mais longe para o Real Madrid, será suficiente para impedir que mais um génio mal-amado deixe o Bernabéu pela porta dos fundos. Não será o último.

Considerações feitas, restam os factos, essa chatice. Vejamos os golos nas três derradeiras temporadas. Hazard marcou um total de 26, sendo 21 no Chelsea, Bale apontou 31, incluindo os 14 que leva hoje no Tottenham, e Asensio rubricou apenas seis. Enquanto isso, o “substituído” Cristiano está à beira de assinar o centésimo golo pela Juventus, apesar de a equipa de Turim correr pouco e não jogar para ele – nem para ninguém, como ontem se viu em mais uma miserável exibição que pode vir a custar a qualificação para a Champions.

A fechar, uma palavra de admiração para Leo Messi, mais uma, não pela sua insuperável arte futebolística, o que seria uma espécie de chuva no molhado, mas pela superioridade moral – ele que parece sempre tão arredado do mediatismo fora dos estádios – com que saudou Rafael Nadal. O tenista maiorquino, para mais um ferrenho adepto do Real Madrid, acabara de ser distinguido com o Prémio Laureus para Desportista do Ano, o que levou o argentino a publicar um vídeo em que elogiava Rafa e sublinhava: “Sou teu admirador, és um exemplo para todos”. Simplesmente notável. Chapeau!

Outra vez segunda-feira, Record, 10mai21

Nota – Na próxima semana explicarei a retirada dos acentos no Record de hoje: Raul de Tomas em vez de Raúl de Tomás…

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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