Qualquer pessoa que acompanhe o futebol sabe o que significa este comportamento. A ausência de Raul Meireles da equipa do FC Porto tinha em vista preservar o jogador de possíveis lesões e escamotear a sua desmotivação – a cabeça estava já noutro lado – tendo em vista uma transferência, que se pressentia iminente.
Mas André Villas-Boas, que não tem a continência verbal que nos tínhamos habituado a encontrar nos treinadores portistas – como se tivesse algum passado no Dragão deu-se até ao luxo de avaliar o que o clube e Meireles devem um ao outro… – explicou o afastamendo do médio da titularidade com questões de ordem técnica, dizendo mesmo que o jogador tinha concorrência e precisava de trabalhar para merecer a sua escolha. Utilizo uma palavra que o técnico aprecia para classificar a sua representação: “fantochada”.
Dias depois, confirmou-se o que se esperava: Raul Meireles foi anunciado como “reforço” do Liverpool. E quando o assunto parecia arrumado, Villas-Boas voltou a pronunciar-se sobre o futebolista, desvalorizando-o de novo ao afirmar: “Temos quem ofereça mais do que Meireles”. Uma agressão desnecessária ou, como ele diria do trabalho de outros, uma “palhaçada”. Só não lhe chamou “maçã podre” com receio de pagar direitos de autor…
Bem pode Villas-Boas continuar a ganhar porque se um dia as coisas derem para o torto terá de engolir estes tiques de arrogância que vem exibindo com uma cadência preocupante.