Alexandre Pais

Temos falta de jeito para o negócio

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Fui a uma praia da costa alentejana, no último sábado. Estava cheia, claro. Comecei por suportar uma longa fila para entrar no parque, pago, porque a admissão era feita carro a carro por um único funcionário, que cobrava uma tarifa única, fora da cabina, e ia depois buscar lá dentro o troco e o recibo.
Já no areal, procurei um chapéu de praia. Não havia. Eram poucos – e no espaço concessionado cabia perfeitamente o dobro – e estavam vagos mas exibiam um aviso de reservado. Para quem, não sei, porque poucos foram ocupados ao longo de três horas em que também não se viu qualquer vendedor das tradicionais bolas de Berlim. Andaria por ali o fisco à caça?
Conclusão: houve condutores a fugir do parque pago, pelo que se perderam receitas, o mesmo sucedendo com os toldos, os bolos, as águas, as batatas fritas… Num país que tanto depende da iniciativa privada e dos pequenos negócios, o que parece é que ninguém precisa de ganhar dinheiro.
A manhã só valeu pelo mar e pelo almoço – num restaurante excelente com um probleminha: mal aparece a comida, lá vem o mosquedo. Mas aí a culpa já não é privada, é pública, é da autarquia que representa a fome que se junta à vontade de comer. Assim, não vamos lá, não.
Observador, Sábado, 8SET16

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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