Não acredito na viabilidade do Brasil com a actual classe política, nem tenho simpatia ou antipatia por Dilma. Mas gostava que ela tivesse conseguido contrariar o início do processo de impeachment. Não antes, mas agora. Ou melhor, depois de ter visto a votação da Câmara dos Deputados, um dos actos ditos democráticos mais nojentos a que pude assistir, eu que me recordo do sequestro popular dos parlamentares portugueses, em São Bento, em 12 de Novembro de 1975, e dos impropérios que tiveram de suportar, à saída, os que não eram comunistas.
Por isso, guardarei até ao fim as imagens não só daqueles que votaram sim em nome das suas extremosas mulheres – quantos terão amantes? – com discursos tão inflamados que soavam a falso, como dos que votaram não no meio de uma guarda pretoriana de salafrários, cujos rostos carregados de ódio não deixavam dúvidas quanto ao nível do palavreado e ao tom das ameaças.
E fixei em particular a careca untuosa de um rei dos capangas, que em cima do microfone e entre cada esgar e cada insulto, limpava a boca à bandeira do Brasil. Retirar esse bandido da cabeça não tem sido tarefa fácil – mas sei que vou conseguir.
Observador, Sábado, 28ABR16
A careca repelente de um bandido
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