Pode Pinto da Costa teimar mais algum tempo e aprovar moções de confiança a Lopetegui, que o destino está traçado: vai ter de o despedir. E não pela sua mania da perseguição, que continua imparável; não pelos assobios e pelos insultos, que terão depois de amanhã, no Dragão, uma expressão ainda mais sufocante; não por ler mal o jogo, errar nas substituições ou “inventar” demasiado; não por não existir na história do futebol um ex-guarda-redes que se tenha afirmado, sem qualquer dúvida, como um grande treinador. Não, o problema do basco é simplesmente este: dispõe do melhor plantel da liga e não é capaz de construir uma equipa. Pior: o destrambelhamento emocional, que o fragiliza como líder, fê-lo perder a confiança dos seus homens.
Um técnico que transforma um titular da seleção holandesa num suplente do FC Porto e dá a titularidade a um futebolista vulgar – que exibiu contra o Marítimo a sua falta de qualidade – não faz apenas uma opção, mina o ego do preterido, destrói-lhe a autoconfiança e torna-o num pária no albergue de língua espanhola edificado contra todas as regras da experiência e do bom senso – e que em breve o FC Porto terá de demolir. No lance do decisivo primeiro golo do Sporting, que traçou a sorte do jogo, vimos agora um Indi menor, a fazer de Marcano e a deixar Slimani sozinho para desferir o golpe fatal. E Lopetegui está a proceder de idêntica forma com Imbula, após ter destruído a mais-valia que era André André e de ter acabado com Varela. Em suma, entrou num “estado de desassossego” do qual já não sairá.
Em sentido inverso ao dos seguidores portistas, e com artistas a exibir-se ao alto nível de Adrien, João Mário, Slimani ou Brian Ruiz, e uma equipa coesa e solidária, os adeptos leoninos podem retomar a verdadeira euforia em que viviam antes do Natal. O Sporting voltou à era Jesus.
Canto direto, Record, 4JAN16
Lopetegui não é capaz
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