Com o compromisso das esquerdas e a queda do Executivo abre-se enfim caminho à aplicação de uma política alternativa à da austeridade – veremos se existe. Em caso afirmativo, concluir-se-á que Passos e Portas andaram quatro anos e meio a destruir a economia e a empobrecer os portugueses. O resultado será o afastamento da direita da governação por longo tempo. Mas não serão melhores as consequências para os socialistas se António Costa falhar. Então, PCP e Bloco beneficiarão com o descontentamento que entretanto engrossarão e o PS ficará reduzido talvez a metade, correndo até o risco de desintegração.
Se Cavaco Silva engolir o elefante de empossar Costa – a tal situação que muitos estão prontos a pagar para ver – não sei se será mais insuportável levar com o peito cheio de vento dos rapazes do novo poder, se ouvir as lamúrias dos iluminados da coligação que continuam a tentar explicar, sem que isso sirva para o que for, que ganharam as eleições – sim, foi maravilhoso, e depois?
Passos e Portas têm agora é de se concentrar no que há-de vir. E assumir a sua imaturidade política da noite de 4 de Outubro, quando cantavam vitória enquanto o rival se dava por derrotado, de sorriso estranhamente confiante e já com o foco no dia seguinte. Como dizia Einstein, é na crise que nasce a criatividade e se descobrem as grandes estratégias. E foi mesmo assim que o perdedor venceu.
Observador, Sábado, 12NOV15
Costa, o perdedor que venceu
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