Alexandre Pais

Vitória de António Costa foi de Pirro

V

Aguardei o “debate decisivo” com expectativa. Temas duros, como o aumento da pobreza, o acolhimento dos refugiados – cuja quota já vai em 5 mil, suspeitando-se que venha a subir bem mais – ou o desinvestimento na saúde, com o criminoso colapso dos cuidados continuados, não deixariam, julgava, de ser abordados.
Mas Passos e Costa desiludiram-me, insistindo no passado e acusando-se mutuamente, num debate morno e desinspirado – ao jeito da Seleção Nacional. No fim, o candidato ganhou aos pontos ao titular, longe do KO de que precisava para recuperar eleitores. Como diria Pirro, rei do Épiro, que vencia batalhas perdendo quase todos os seus homens: “Mais uma vitória como esta e estou perdido”.
Passos, que só quebrou a estratégia de “fazer de morto” ao chamar Sócrates, apostou na bonomia mesmo quando Costa quebrou o verniz por breves momentos. E agitou, por várias vezes, o papão do medo – tremei, ò gentes, que aí vêm eles de novo fazer voltar isto para trás. Como apelo ao voto, é curto: como tudo na vida, pode chegar ou pode ser que não.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 12SET15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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