As chamadas de valor acrescentado são hoje um filão que meio algum pode dispensar. A necessidade puxa pelo engenho e, das “votações” com brinde às apostas nos prémios em dinheiro, aí temos a maior concorrência à Raspadinha. Santana Lopes sofre.
Ao fim de semana, as tardes da TV têm alinhamento simples: três minutinhos de música popular e moçoilas a dar à perna, seguidos de conversa de chacha de cinco ou seis minutos – que sai mais barata que os modestos cachês da cantoria – repartida pelos apresentadores de castigo.
Eles falam das idas ao médico, do frio, dos gostos culinários ou até da doença da carraça em Marte, tudo entremeado com o interminável peditório do ligue já, não se esqueça, são tantos contos na moeda antiga, o cartão realizará todos os seus sonhos, basta uma simples chamada, veja quanto pode gastar, olhe que faltam só duas horas, uma, meia e por aí fora.
E nova cançãozinha cumprida, outra carpideira repete a lenga-lenga, são horas naquilo. Cansa? Pois, mas é a vida.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 14FEV15
A caça às chamadas, uma choradeira sem fim
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