“Assim é, se lhe parece” – Luigi Pirandello, dramaturgo italiano, 1867-1936
Um pirilampo sobre um BMW ou um Nissan, de cor branca, é meio caminho andado para o golpe. Depois, fardas mal amanhadas e umas armas – se forem de plástico também servem – percorrem o outro meio: os condutores param e são assaltados pelos falsos GNR.
Trata-se de um estratagema com anos. A semana passada, o Correio da Manhã dava conta de mais um acto de bandidagem, desta vez no IC19, às portas de Lisboa.
Há 14 anos, o semanário Tal&Qual, na sequência do assalto, na A1, ao motorista de um camião que transportava 900 mil euros de tabaco, por uma falsa brigada da GNR, resolveu testar o truque como forma de alertar potenciais vítimas.
Dois repórteres percorreram então várias lojas da capital, um guarda-roupa e a Feira da Ladra, equipando-se da cabeça aos pés – com bonés, camisas, gravatas, calças, botas, óculos escuros, apitos, cinturões brancos, divisas, placas com os nomes dos agentes e até crachás da BT – por 175 euros cada, sem que alguém lhes fizesse perguntas. Apenas os coldres ficaram vazios.
A reportagem teve o sucesso que esperávamos, já que os condutores só depois de avisados davam pelo engano, como se percebe pelo diálogo reproduzido pelo T&Q:
– Boa tarde, o senhor não se importa de colaborar, deixando-se fotografar pelo nosso jornal?
– Eu… eu… eu estava aqui mesmo a acabar de preencher a guia de transporte, sôr guarda…
De facto, o que parece, é.
Parece que foi ontem, Sábado, 12FEV15
Imagens – Em cima, a notícia de há dias, do CM, que fez manchete; em baixo, a reportagem do T&Q, de 2001, com os falsos agentes da GNR
Falsos GNR: um velho truque sempre atual
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