As redes sociais permitem acompanhar a onda de euforia que varre as praias das várias esquerdas, como se, com a vitória do Syriza, a Europa tivesse ficado melhor.
Para nós, portugueses, trata-se, é verdade, de uma boa notícia. Uma vez mais, a Grécia – que recebeu 240 mil milhões de euros da troika, o triplo de Portugal – se presta a fazer de cobaia, para que países endividados como o nosso possam depois segui-la na aventura pela terra onde jorra, gratuitamente, o leite e o mel, ou arrepiar caminho antes do colapso total.
Se os credores não avançarem com a última (?) tranche de 1,8 mil milhões de euros, os gregos não terão, dentro de dois meses, dinheiro para pagar aos trabalhadores do Estado e aos pensionistas. Como irá o Syrisa resolver então um problema que trará – só para início de hostilidades – a desordem pública?
A esperança de que os pagadores de sonhos aliviem o garrote, em breve se transformará em realidade ou desilusão. Se Alexis Tsipras ganhar a sua aposta de alto risco, Passos Coelho será responsabilizado pelo empobrecimento dos portugueses e ficará estendida a passadeira vermelha que levará António Costa ao poder.
Mas se o que parece não passar de uma utopia lançar a Grécia no caos, com saída do euro e consequentes desgraças, Passos poderá até só fazer campanha eleitoral na Manta Rota. Costa não passará de um perigoso vendedor de ilusões.
Observador, Sábado, 29JAN15
Passos e Costa nas mãos do Syriza
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