O êxito relativo de Marinho e Pinto e do Livre nas eleições europeias reacendeu a chama jamais extinta: a da esperança na regeneração do sistema político. Não a que se traduza numa efectiva mudança da lógica partidária mas a simples derrota dos velhos partidos – que barram a entrada aos jovens turcos ambiciosos e aos neo-arrivistas oportunistas – para que surjam outros com os mesmos vícios.
Exemplos, aliás, não faltam na nossa democracia, epifenómenos como o daquele suposto partido dos reformados, que elegeu para a AR a sua figura de proa, um professor-doutor que passava a imagem da idoneidade que faltaria a todos os demais. Ele prometia moralizar a política e mal se apanhou em São Bento cumpriu: começou por moralizar a filha, arranjando-lhe lá emprego. E até um falso convite de Cavaco Silva para o Governo – uma brincadeira genial do Tal e Qual – aceitou: “Com certeza, senhor doutor, estou às suas ordens”.
Marinho e Pinto, sempre genuíno, mostrou-nos em poucos meses do que é capaz. Outros haverá, por ventura mais fiáveis, como teremos também os troca-tintas, prontos para nos enganar. O que não esperavam, todos, era esta ascensão meteórica de António Costa, que os esvaziará, levando o eleitorado ao voto útil – no PS ou na coligação de direita. E no PCP, claro. Restarão menos de 20 por cento para a brincadeira, o costume. Divirtam-se.
Observador, Sábado, 9OUT14
Vão sobrar menos de 20% para os pequenos partidos
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