1. D.
Manuel Clemente parece ter sido a escolha certa para Patriarca de Lisboa. O seu
percurso académico e na sociedade civil é
a base da renovada esperança de vermos um olhar que é sistematicamente
conservador evoluir para uma ação mais voltada para os problemas que afligem
hoje as pessoas do que para dogmas seculares que afastam os pastores do rebanho. Vivi essa ilusão com D. António Ribeiro e com D. José
Policarpo, talvez D. Manuel possa agora dar o passo em frente sem o qual a
Igreja de Roma continuará a perder fiéis.
2. Maria
João Fialho Gouveia lançou, com prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa, Fialho Gouveia – biografia sentimental, uma
obra em que presta homenagem a seu pai. Como admirador que fui do comunicador,
li de uma assentada a primeira parte do livro, cuja escrita simples e tocante
nos remete, com mais rigor do que ficção, para momentos marcantes do último
meio século português. E que presta justiça à singular personalidade de um
profissional de excelência que a RTP atraiçoou e esqueceu, e que nos deixou tão
cedo – quando o que mais merecia era viver. Pena que Maria João se tenha
sentido na obrigação de reproduzir todos os depoimentos que solicitou a muitos
dos amigos do Zé Fialho, o que torna a segunda parte da narrativa menos interessante,
algo repetitiva e por vezes até enfadonha. Mas o balanço é positivo e… o resto são cantigas.
3. Um
amigo, que trocou de carro, caiu na teia dos call center, essa solução maravilhosa para que tantas empresas
diminuam custos com o pessoal, sem saberem quantos clientes perdem ao desistirem de tratar da própria vidinha. Neste
caso, o segurado pretendia uma operação básica: que às zero horas do dia tal a
sua apólice deixasse de segurar a viatura que ia vender e transitasse para a
nova. Como o valor da aquisição era superior, tentou o meu amigo saber quanto
passaria a pagar. Esperou, insistiu, voltou a esperar, até que uma semana (!)
depois, já sem tempo para conversas, contratou um novo seguro, em poucos
minutos, noutra companhia. Quando ligou para o call center a pedir para cancelar, nesse mesmo dia, a apólice do
veículo entretanto vendido, foi efusivamente recebido pela operadora: “Com
certeza, senhor fulano, é para já, considere tudo cancelado. Deseja mais alguma
coisa?” Só não felicitou o ex-cliente por ter optado por outra seguradora
porque não sabia ou não lhe ocorreu. A trabalhar assim, o futuro só pode ser
negro.
4. No
palco do Coliseu, Moniz Pereira, Prémio
de Mérito e Excelência da SIC, repetia o seu desejo de ter ouvido a
guitarra portuguesa no serão dos Globos
de Ouro, enquanto uma dúzia de idiotas se ria, com um Moniz quem? colado na testa. Há uma escumalha da pretensão que
ficava melhor no Big Brother.
Observador, publicado na edição impressa da Sábado de 23 maio 2013