Alexandre Pais

As primas donas de Madrid

A

Mesmo que conquiste a próxima Taça do Rei, o seu quarto título em três épocas, poderá dizer-se que José Mourinho falhou no Real Madrid? Sim e não. 

Para os seus detratores, o técnico português falhará sempre, esteja onde estiver, ainda que conquiste três títulos numa única temporada – como aconteceu no Inter e no FC Porto (por duas vezes). À luz dos conceitos dessa gente, ou à falta deles, a resposta é, portanto, sim.

Levando em linha de conta que não ganhou La Décima, e se ficou por três meias-finais consecutivas na Liga dos Campeões, a resposta é, igualmente, sim.

Mas se considerarmos que, além dos títulos, Mourinho fez abanar a “máquina invencível” do Barcelona – que era a melhor equipa do Planeta quando Mou chegou a Madrid –, reequilibrou exibições e resultados com os blaugranas, e levou ao fim do ciclo da vitoriosa liderança de Pep Guardiola, então a resposta é não. 

Mourinho não falhou no Real Madrid, creio eu, já que os efeitos da “desconstrução” da fantástica equipa catalã – que recuperará, evidentemente, ou não tivesse Messi e Iniesta, mas já não será igual – são o melhor legado do treinador de Setúbal ao seu sucessor – que precisará tanto disso como dos bons ofícios de anjos e arcanjos, querubins e serafins, bruxas e duendes – e ficarão para memória futura dos muitos “mourinhistas” que se perpetuarão em Chamartín.

Aceitando o que parece óbvio, que Mourinho podia deixar o Real com a décima Champions na sala de troféus, resta saber por que não o conseguiu. Para mim, esse inêxito deve-se, quase exclusivamente, ao poder do baronato instalado no Bernabéu, que é fortíssimo.

Saiu Raúl mas ficaram Casillas, Ramos, Alonso e outras primas donas. E andam por lá Zidane e Butragueño, “conselheiros” de Florentino, que flutuam como a cortiça, ao sabor de correntes e marés. 

Foi a força dessas eminências pardas que minou a unidade do grupo, fez florescer invejas e transformou a equipa numa manta de egos e peitos cheios de vento. Agora, acabadas as desculpas, temo, como madridista, que o “day after” não seja bonito.

Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 11 maio 2013

Mesmo que conquiste a próxima Taça do Rei, o seu quarto título em três épocas, poderá dizer-se que José Mourinho falhou no Real Madrid? Sim e não. 
Para os seus detratores, o técnico português falhará sempre, ainda que conquiste três títulos numa única temporada – como aconteceu no Inter. À luz dos conceitos dessa gente, ou à falta deles, a resposta é, portanto, sim. Levando em linha de conta que não ganhou La Décima, e se ficou por três meias-finais consecutivas na Liga dos Campeões, a resposta é, igualmente, sim. Mas se considerarmos que, além dos títulos, Mourinho fez abanar a “máquina invencível” do Barcelona – que era a melhor equipa do Planeta quando Mou chegou a Madrid –, reequilibrou exibições e resultados com os blaugranas, e levou ao fim do ciclo da vitoriosa liderança de Pep Guardiola, então a resposta é não. 
Mourinho não falhou no Real Madrid, creio eu, já que os efeitos da “desconstrução” da fantástica equipa catalã – que recuperará, evidentemente, ou não tivesse Messi e Iniesta, mas já não será igual – são o melhor legado do treinador de Setúbal ao seu sucessor – que precisará tanto disso como dos bons ofícios de anjos e arcanjos, querubins e serafins, bruxas e duendes – e ficarão para memória futura dos muitos “mourinhistas” que se perpetuarão em Chamartín.
Aceitando o que parece óbvio, que Mourinho podia deixar o Real com a décima Champions na sala de troféus, resta saber por que não o conseguiu. Para mim, esse inêxito deve-se, quase exclusivamente, ao poder do baronato instalado no Bernabéu, que é fortíssimo. Saiu Raúl mas ficaram Casillas, Ramos, Alonso e outras primas donas. E andam por lá Zidane e Butragueño, “conselheiros” de Florentino, que flutuam como a cortiça, ao sabor de correntes e marés. 
Foi a força dessas eminências pardas que minou a unidade do grupo, fez florescer invejas e transformou a equipa numa manta de egos e peitos cheios de vento. Agora, acabadas as desculpas, temo, como madridista, que o “day after” não seja bonito.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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