Já aqui me referi ao “júri” de “A tua cara não me é estranha”, que não julgava coisa nenhuma, uma vez que o seu principal papel era o de dar espetáculo, ou seja, contribuir também para um programa de puro divertimento.
Mas a última “gala” proporcionou-nos ainda um grande momento de António Sala, que usou o dom da palavra para relevar os méritos do “concurso” da TVI e a sua enorme vantagem sobre o “voyeurismo” dos “reality shows”.
De facto, ao contrário do “Big Brother”, essa montra de anormais que regressa – e que forma tantos jovens na tese perversa de que não ser ninguém e bolsar asneiras é melhor do que trabalhar –, “A tua cara” mostrou artistas, promoveu talentos e levou alegria às casas de muita gente acossada e sem saída, deprimida e sem esperança.
Com a autoridade que se lhe reconhece, Sala salientou igualmente a capacidade dos apresentadores, que classificou como os melhores da televisão portuguesa. Vindo de um comunicador de topo, e num país de invejas e ódios, foi mais um exemplo de sabedoria, mais uma lição de “grand seigneur”.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do CM de 20 abril 2013