Finalmente, o futebol português parece querer colocar-se ao nível da mediocridade a que o País desceu. Bem, não se trata propriamente do futebol português mas dos últimos resultados obtidos pelas nossas equipas.
O FC Porto é o principal responsável por esta quebra, já que não tem rendido aquilo a que nos habituou e deixou, até ver, de dar cartas na Europa. Podemos dizer que segue no topo do campeonato, uma verdade incontornável, mas como conseguiremos considerar situação normal que em dois jogos com os cipriotas do Apoel os portistas não tenham ganho ao menos um?
Com os dragões longe do seu melhor, logo o entusiasmo dos benfiquistas sobe em flecha. A excelência do plantel é então cantada por todos os trovadores, que sabem bem do que a turba gosta. Mas quando a passadeira parecia coberta de rosas, eis que surgem por cá uns bons rapazes de Basileia e os encarnados rubricam uma exibição pobrezinha, empatam em casa e lançam sobre os adeptos nova onda de falta de vontade para comprar bilhetes.
Valia-nos o Sporting, com uma série vitoriosa de dez jogos, a partir para a Roménia à procura da “undécima”, favas contadas no imaginário leonino. Afinal, como não há duas sem três, os de Alvalade fizeram por avivar atuações ainda não totalmente perdidas nas profundezas da memória e deixaram os seus fãs outra vez mergulhados na dúvida: temos ou não temos equipa? Como se não bastasse, perderam boa parte dessa equipa com a lesão de Rinaudo, e vão ter de aguentar-se até ao Natal e ir ao mercado em janeiro.
A goleada do Sp. Braga animou um tanto as hostes, mas o que é certo é que o entusiasmo geral está, neste momento, com uma quota baixa, ou seja, ficou igual aos índices de confiança que os portugueses têm no futuro. Talvez a Seleção, com os nossos milionários emigrantes, possa reacender a chama perdida. Mas isso é só para a semana e nós estamos desiludidos agora, ora.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 5 novembro 2011