Alexandre Pais

Como Mbappé e Pogba: a Cristiano basta-lhe esperar

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Bom é estar como Mbappé. Se o PSG quiser aceitar os 150 (?) milhões de euros que se diz que o Real Madrid ofereceu por ele, fantástico: cumpre-se o sonho de uma vida. Mas se o clube de Paris preferir mantê-lo para ‘ganhar tudo’ – depois de ter reforçado a sua constelação de estrelas com Sergio Ramos, Donnarumma, Achraf, Wijnaldum e Messi – fantástico na mesma: Mbappé terá o prazer, e o proveito, de formar com Leo e Neymar um tridente histórico, e dentro de dez meses estará no Bernabéu… a custo zero. Em Manchester, Pogba já conta os dias que faltam para seguir o mesmo destino, sem que Florentino Pérez tenha de pagar ao United.

Confortável é também a situação de Cristiano Ronaldo. Massimiliano Allegri regressou a Turim com ideias pouco definidas. Precisa dele em campo, mas as dificuldades de tesouraria da Juventus diminuiriam bastante se não tivesse de cumprir as elevadas exigências salariais do contrato do português. Ainda por cima, com uma parte dessa ‘poupança’, a Juve poderia fazer regressar Pjanić e reforçar-se com Locatelli e mais um ou dois jogadores.

No meio da incerteza, Allegri, que conhece bem Cristiano, fez declarações em que prometeu ‘gerir’ as suas participações nos jogos, dando a entender que não será titular indiscutível. E começou mesmo a mandá-lo tomar banho mais cedo na fase de preparação: ao intervalo da partida com o Barcelona e aos 62 minutos do confronto com a Atalanta. Allegri sabe que CR7 não gosta disso e poderá estar a criar o clima propício para uma rutura.

O possível erro de Allegri será, afinal, não conhecer tão bem o bicho. Por um lado, Cristiano vai querer cumprir o seu contrato, e por outro, se o mantiver contrariado, a Juve perderá o melhor do seu contributo. É que, como Mbappé e Pogba, em janeiro Cristiano assinará compromisso com quem quiser sem que a Juventus receba um cêntimo.

Verdade se diga que a estratégia do treinador pode não ser assim um presente tão envenenado. Conquistado que foi tudo em Itália por parte do jogador, parece acertado que Allegri poupe o seu maior trunfo para o utilizar de forma eficaz no que mais interessa: recuperar o ‘scudetto’ e conseguir, enfim, ganhar a Liga dos Campeões.

A estas dúvidas, poderá Cristiano opor a realidade que costuma ser a sua. Se iniciar a Serie A e a Champions no nível a que nos habituou, ainda correremos o ‘risco’ de o ver baixar o salário – como teve de fazer Messi – e de renovar por mais um ano com a atual equipa. É que na Juve sabe-se que os estádios em breve voltarão a encher-se e que os ‘tiffosi’ não vão lá propriamente para ver Allegri…

Parágrafo final para lembrar que Fernando Santos, excetuando as horas dramáticas que os treinadores sempre vivem no banco, tem um dos mais felizes empregos do país. Pelo salário, seguramente, mas muito em particular porque para escolher 23 jogadores tem quase outros tantos em condições de serem chamados à Seleção. Na aurora da época, de uma assentada, três nomes ‘esquecidos’ nas derradeiras convocatórias chegaram-se já à frente: Ricardo Pereira, Bruma e João Mário. Veremos, dentro de dias, as opções do engenheiro.

Outra vez segunda-feira, Record, 16ago21

Por Alexandre Pais
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