O CM recordou-nos, há dias, a inacreditável decisão de uma juíza do Tribunal de Albufeira. Ela absolveu um arguido acusado de injuriar um militar da GNR que lhe fiscalizava a viatura, ao dizer: “Estás parvo ou quê? Vai para o c….!” O Tribunal da Relação reverteu agora a sentença, considerando crime aquilo que a magistrada não entendeu sequer como falta de educação.
O desfecho na primeira instância foi mais um exemplo da absurda indiferença com que na sociedade portuguesa se olha para aqueles que aceitam a difícil missão de zelar pela tranquilidade dos cidadãos. Num tempo em que qualquer caramelo filma, descontextualiza e crucifica nas redes sociais um agente que faça aquilo para que foi treinado – manter a ordem pública contra a vontade dos energúmenos – será legítimo esperar uma reação pronta de um funcionário que começa por temer perder o seu trabalho? Legítimo será, natural é que não.
No miserável ato de violência de um empresário de futebol sobre um operador de imagem, até o líder da oposição se virou, não para quem abençoou a ação intimidatória, mas contra a “inação” da GNR! Ou seja, pomo-nos do lado dos bandidos e depois, quando precisamos, gritamos por socorro – e já não há polícia.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 1mai21