Com a campanha da Páscoa, repetiram-se as idas à televisão de responsáveis pela luta diária dedicada, há tantos anos, à redução dos níveis de sinistralidade rodoviária.
São várias as culpas pelo insucesso dessa batalha. A legislação em primeiro lugar, talvez. Mas ela existe e já é severa. Depois, a negligência dos condutores, que bebem demasiado, abusam da velocidade, encostam o telefone ao ouvido, atrapalham-se com os cigarros, enviam mensagens, circulam com pneus carecas ou usam as ruas como se estivessem num rali. Trata-se de uma questão cultural, do resultado de uma educação cívica pobre e de uma visão da vida que por muito que se tentasse mudar nas escolas recuperaria na apatia familiar o rumo ancestral.
Certo é que boa parte dos desastres, com o seu terrível rol de vítimas, podia ser evitada se as autoridades policiais cumprissem o seu dever – ou dispusessem de meios para cumprir o seu dever. É que se nas cidades há carros em segunda fila, estacionados em curvas, sobre os passeios e nas passadeiras, na estrada, potenciais assassinos conduzem aos “ésses”, pisam riscos contínuos ou ultrapassam de forma suicida simplesmente porque sabem que a repressão é fortuita ou até nula. É a velha história: reclamam-se as leis e ninguém as faz cumprir.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 27abr19
Operação Páscoa: mais uma que serviu para pouco
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