O ministro do Ambiente ainda não se lembrou de mudar a Águas de Portugal de Lisboa para o Porto, mas vive os seus dias de glória. João Matos Fernandes surge afanosamente nas televisões, garantindo o fornecimento, como se pudesse mandar chover, admitindo o racionamento e o aumento do preço, e acarinhando a inteligente ideia do transporte da água por comboio.
Aliás, não falta gente na televisão a perorar sobre a seca, incluindo aquela ala radical de ecologistas – alguns com ar de pouco banho – que ajudou a travar o projeto das pequenas barragens concelhias para que uns pedregulhos não se afogassem. Ou que protesta hoje pelos transvases do Tejo a que são forçados os espanhóis, como se não fosse das explorações agrícolas da Extremadura do país vizinho que nos chegassem os legumes que não produzimos.
A atual secura, borrifada esta semana por umas pingas, era um drama mais anunciado que o dos incêndios e foi também ignorado. Agora, podemos seguir com a retórica, mas ou pomos em prática um plano que retome a construção de barragens – e contemple o tratamento da água do mar, ah, pois é! – ou continuaremos a abrir a TV e a ouvir ministros a defender a política dos pensos rápidos, essa instituição nacional.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 25NOV17
O drama da seca era ainda mais previsível que o dos incêndios
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