Alexandre Pais

Dr. Domingues, desapareça!

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Trabalhei com o maestro Joly Braga Santos, um ser superior, um génio, que por vezes vi subir a Rua Garrett simulando dirigir uma orquestra, para espanto dos transeuntes. E recordo-me dele sempre que vejo o ministro Mário Centeno, com o seu ar simplório de Zé Colmeia – como lhe chamam nas redes sociais, entre o coro habitual de alarvidades – a meter os pés pelas mãos com uma falta de jeito tremenda para a comunicação e, afinal, para tudo o que não sejam números. Porque aí, goste-se ou não, o homem é uma máquina a fazer contas – e contas certas, reconheça-se.
Não tenho, por isso, dúvidas da imensa trapalhada em que se meteu Centeno com o ridículo namoro, por email, telefone e carta perfumada, com António Domingues. E do pecado da sua incapacidade para dizer “olhem, equivoquei-me, azar”. Porque o folhetim – com a TV a multiplicar-lhe os episódios, é assim que funciona – tornou-se numa praga que nos entra, de manhã à noite, casa adentro. A tortura é tanta que eu, nesta singela tribuna, assumo as dores de não mais de 10 milhões de portugueses, mas também não de menos. E daqui peço, pungentemente, a caminho de Fátima a pé, ao respeitável dr. Domingues e sua inteligência suprema: por favor, desapareçam.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 25FEV17

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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