A Seleção lá ganhou uma vez mais à tangente, cumpridora no objetivo mas pálida na exibição, como quase sempre. Nem quando passaram a jogar contra dez os nossos puxaram pelos galões do seu (muito) melhor futebol e marcaram um segundo golo tranquilizador, pelo que nos aconteceu o habitual – sofremos sem necessidade. Mas estamos a duas vitórias da qualificação direta para o Mundial, pelo que, como diria Jorge Jesus, siga para bingo.
Quero destacar quatro jogadores: André Silva, o homem que decidiu a contenda, Cristiano Ronaldo, que paga a fatura da semi-inatividade, João Mário, que teve um desempenho notável, e Pepe. Este foi assobiado não por ter feito teatro – uma arte em que é também particularmente bom – na sequência, aliás, da agressão bem real de que foi vítima, antes por ter marcado, há oito anos, à mesma Hungria e igualmente em Budapeste, o golo da vitória portuguesa, outro triunfo por 1-0, então em partida de qualificação para o Mundial de 2010. No futebol, a memória dura e dura.
Mas quem verdadeiramente me impressionou foi Fábio Coentrão, um talento que Jesus e o Sporting em boa hora recuperaram para aquele que é o seu patamar, e a quem sucessivas lesões musculares têm vindo, época após época, a destruir a carreira. Em Madrid, os impedimentos físicos foram constantes e o lateral, que chegou a discutir o lugar com Marcelo e a rubricar exibições admiráveis, viu-se mesmo forçado, com uma honestidade rara entre os seus pares, a admitir que não tinha capacidade para ser titular do Real. Ainda assim, Zidane continuou a acreditar, mas num simples treino lá vinham de novo as “moléstias” obrigá-lo a reviver o pesadelo. Agora, foi a vez de Fernando Santos apostar nele e, quando o mau tempo parecia afastado, eis que os músculos trornam a ceder e a carreira de Coentrão volta a ficar em risco. Esperemos que não: pelo Fábio, que nasceu para jogar futebol, pelo Sporting e pela Seleção, que precisam dele.
O parágrafo final, hoje maior, é dedicado a duas extraordinárias provas internacionais que temos o privilégio de acompanhar: o US Open e a Vuelta. Na primeira, com muita gente nova a ameaçar tomar conta do circuito a breve trecho, segue empolgante o duelo pela vitória, e pela disputa do n.º 1 do ranking ATP, entre os remoçados Roger Federer e Rafa Nadal, bem como a possibilidade de Venus Williams alcançar outra vez a final, 20 anos (!) depois da primeira – que perdeu para Martina Hingis. Na Volta à Espanha, despede-se Contador e domina Froome, com Nibali apenas a 1 minuto. Pena que dois excelentes ciclistas portugueses, Rui Costa e Nelson Oliveira, com capacidade para acabarem no top 20, cheguem cada vez mais para trás – ontem, o ex-campeão mundial cortou a meta 26 minutos (!) após o vencedor e desceu para 40.º na geral… Desfrutemos com o espetáculo que está a ser fabuloso!
Outra vez segunda-feira, Record, 4SET17
Voltou o pesadelo de Fábio Coentrão
V