Novembro e as três primeiras semanas deste mês confirmaram o que se sabia: não falta água em Portugal. Dramático é que faltem outras coisas, como prevenção de cheias, pequenas barragens concelhias e, em especial, uma visão estratégia de médio e longo prazo para o problema da água. O ministro da desgraça tem um único discurso: poupar no consumo até que os canos sequem.
As imagens dos últimos dias são claras quanto à incapacidade para encontrar uma solução, que cubra até à inexistência de manutenção dos diques. Dos diques e do resto: foi assim que se deu a já esquecida tragédia de Entre-os-Rios.
A renúncia às mini-hídricas, em boa parte por cedência à doentia pressão “ecológica” que manda preservar as pedrinhas e desprezar as pessoas, ficou exposta de modo chocante: só os milhões de metros cúbicos de água que alagaram os campos do centro do país, e que acabarão no mar, dariam para abastecer o Algarve durante um ano. Assim houvesse visão e o investimento necessário para se enviar o excesso de água de norte para sul através da estrutura adequada. Como se fosse gás natural.
Mas é mais fácil disfarçar a inércia lançando ideias estapafúrdias. E chegou agora a das aldeias que têm de mudar de lugar… Contado não se acredita.
Bom 2020, leitor.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 28dez19
Um ministro com visão de aldeia
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