Com o novo Governo de Passos Coelho virtualmente derrubado, a grande dúvida reside em saber o que fará a seguir o Presidente: manterá Passos Coelho em gestão até ao próximo Verão ou indigitará António Costa para a viragem à esquerda que tanto teme?
Em qualquer dos casos, Cavaco Silva deixará de novo o País com um cenário horrível para a sua área política, muito na linha do que fez em 1995. Então, com a força de bloqueio Mário Soares em Belém, passou a batata quente da prestação de contas nas urnas a Fernando Nogueira, que perdeu as legislativas para António Guterres, e candidatou-se depois à Presidência da República para levar, ele próprio, uma sova de Jorge Sampaio.
Agora, ei-lo noutra esquina da História. Ou nos lega a triste imagem da saída de Belém com um governo em gestão, de consequências dramáticas para o País – e que terminará em novas eleições com provável maioria absoluta da esquerda – ou o entrega desde já a essa mesma esquerda dando posse a António Costa, numa cerimónia cujo directo, nos vários canais, baterá o recorde de audiências, não pelo acto em si, mas porque ninguém quererá perder nem a cara de Cavaco no dramático evento, nem o seu discurso incendiário e ressabiado, que terá de honrar a linha do anterior, quando indigitou Passos Coelho.
Vinte anos depois, o homem do leme volta a largar o barco à deriva.
Observador, Sábado, 29OUT15
Vinte anos depois o Cavaco sempre
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