Alexandre Pais

A ver o Benfica e a voltar ao Aurora

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Nunca mais. Escrevo esta crónica do contra num momento delicado da vida nacional. Não sei se está a ver a filosofia da coisa, leitor, se calhar não. Como se não bastassem todas as desgraças que se abatem sobre o nosso quotidiano, está a jogar o Real Madrid e eu aqui à escrita, com um olho no computador e o outro na TV, para o que me havia de dar. Para a próxima, estarei mais atento à agenda. Se houver Real ou Belenenses para ver, não trabalho.
Dupla maçada. Eis uma alegria, Cristiano acaba de marcar o primeiro dos “blancos” e parte à perseguição de Messi – 74 golos! – como maior marcador de sempre da Champions. E não é só alegria por ele ser do Real, é que o confronto de São Petersburgo foi uma dupla tristeza: o Benfica perdeu e o jogo não foi nada que valesse a pena.
Velha palhaçada. Tenho de fazer uma declaração de interesses: quando mete o sr. Vilas-Boas, eu quero sempre que perca, é uma velha guerra. Ele tinha compromisso firmado com o Sporting, o Record deu a notícia e ele não se aguentou: disse que era “uma palhaçada”. Sei que o caso começa a cair no esquecimento e que o António Magalhães já lhe perdoou, mas comigo não se safa mais.
Nas margens do Neva. Em vez de adormecer naquela primeira meia hora em que o Benfica andou um tanto aos papéis, repeti o passeio pelas bucólicas margens do Neva, que dei em 1975, quando viajei para São Petersburgo, ainda Leninegrado, na altura. Fiz alguns quilómetros até alcançar o convés do Aurora, o mítico cruzador que a 25 de Outubro de 1917 iniciou a revolução bolchevique – liderada por Lenine – com uma salva de tiros contra o Palácio de Inverno, em Petrogrado.
Acordei no Hermitage. Já ia noutro ícone da cidade, o célebre museu Hermitage, com quilómetros de corredores que impõem paragens para meter água e restabelecer as canetas, quando o Benfica me sacudiu, com um último quarto de hora muito bom, que prosseguiria na primeira metade da segunda parte. E se Luisão tem conseguido, aos 49 minutos, concretizar a oportunidade soberana de que dispôs, outro teria sido o resultado. Mas foi o centro rasteiro de Nico Gaitán, a um metro da baliza, aos 59, a que Talisca e Lima chegaram atrasados, que me deu a certeza que a noite não seria encarnada.
Bons a mastigar. O Zenit como equipa é um desastre, ora cá estou eu a tratar do homem. Vai disfarçando o problema graças aos valores individuais e ontem andou a li a mastigar, a mastigar. Depois, claro, como o Benfica não marcou, acabou por chegar à vitória com um golinho da treta do “traidor” de serviço. Veremos até onde vai a grandessíssima vaca.
Outro dia, explicarei. Já vamos na segunda parte da partida de Basileia e a qualidade do futebol também não é melhor. E quando se tira o Benzema para meter o Illarramendi, fica tudo dito. A questão é que me despeço do leitor temendo que os suíços cheguem ao empate… É que gosto tanto do sr. Paulo Sousa como do Andrezito. Porquê? Ah, isso fica para outra vez.
Contracrónica, Record, 27NOV14

Por Alexandre Pais
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