Quem não suportar, ao domingo à noite, o serão “popular” da TVI ou o cabotinismo inofensivo, e por vezes até simpático, do júri do “The Voice Portugal”, da RTP, tem a opção do “Vale tudo”, da SIC. É fácil fazer televisão assim, pegando num conceito simples e pondo as vedetas da casa a dizer o que lhes vem à cabeça. E como nem todos podem ter o dom da graça natural, nem o facto de colaborarem no programa profissionais de qualidade evita que muitos “diálogos” sejam uma sensaboria a resvalar para a tortura.
Fora do “top ten” das audiências dominicais, “Vale tudo” não falha apenas – se é que é lícito falar de falhanço sempre que não haja um milhão de espectadores em frente ao televisor – pela debilidade ou inexistência de um guião. O problema é que o respeitável público se habituou ao primado do escabroso e só se excita se a coisa for chocante. Hoje, já poucos se divertem com uma programação familiar. Como anda a vida, a emoção precisa de ser forte e o picante deverá provir do dúbio, do sórdido e do boçal, ou seja, tem mesmo de valer tudo.
Antena paranoica, 10MAI14