Alexandre Pais

Uma breve reaparição

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Sou um admirador firme de Roberto Martínez, não por ser o selecionador nacional mas pelo respeito que manifesta pelo país, de que é prova o admirável esforço de integração que tem feito desde que chegou a Portugal. Que bom é ouvi-lo falar a língua de Camões e vê-lo a cantar o nosso hino!

Depois, há igualmente que sublinhar a forma como lhe retribuímos a gentileza, pondo ao seu dispor uma notável plêiade de jogadores: são mais de 30 no patamar da primeira linha de executantes do futebol mundial – ou mesmo 40, se alargarmos um pouco a malha.

Disse José Mourinho que uma segunda Seleção poderia ser também candidata ao título europeu. Uma equipa que teria, por exemplo, esta composição: José Sá; Nélson Semedo, António Silva, Gonçalo Inácio e Dalot; João Neves, Rúben Neves e Matheus Nunes; Francisco Conceição, Gonçalo Ramos e Diogo Jota. Isso significaria que a turma principal – a que espero que defronte de início a Chéquia – seria constituída por: Diogo Costa; Cancelo, Pepe, Rúben Dias e Nuno Mendes; Palhinha, Vitinha e Bruno Fernandes; Bernardo Silva, Cristiano e Rafael Leão.

Mas como Martínez convocou mais quatro jogadores além dos que citei e ficaram outros dois de fora por lesão, admito que o espanhol pudesse ainda pensar numa terceira alternativa de nível nada desprezível: Rui Patrício; Nuno Santos, Danilo, Toti Gomes e Raphael Guerreiro; William Carvalho, Renato Sanches e Otávio; Pedro Neto, João Félix e Ricardo Horta. E nem me dou ao trabalho de apontar uma quarta formação que incluísse ‘desprezados’ como Rui Silva ou Mário Rui, Pote ou Trincão, Bruma ou Moutinho, André Silva ou Gonçalo Guedes…

É verdade, nem é necessário recuar ao tempo em que o selecionador Carlos Queiroz procurava desesperadamente laterais – chegou até a sonhar com os gémeos brasileiros Fábio e Rafael Silva… – para termos a perfeita noção do luxo que é a FPF colocar à disposição de Roberto Martínez um grupo tão magnífico de jogadores: no mínimo, três para cada posição. É obra.

A partir de amanhã, começará o teste de ferro para o treinador de todos nós. Sobra-lhe talento em campo e precisa de conseguir gerir os egos para ter uma equipa que ganhe sem ‘mas’ nem ‘meios mas’. É agora – e não mais apenas com o sorriso limpo que já nos conquistou – que veremos o que realmente vales, Roberto. Não nos desiludas.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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