Não perco, aos domingos, no Jornal das 8 da TVI, a rubrica “Viagens à minha terra”, com a qual conhecemos os espaços onde algumas figuras públicas vivem ou cresceram. Claro que se o personagem não me interessa ou me é antipático, sigo as melhores práticas e mudo de canal.
Mas existe um ruído perturbador da narrativa do convidado e inimigo dos nossos ouvidos e boa atenção: o riso intenso da repórter, umas gargalhadas exageradas e de timbre agressivo, que de tão repetitivas se tornam particularmente irritantes.
Susana Pinto, a autora da reportagem, tem o mesmo direito de ser popular pela sua maneira de rir como, por exemplo, Cristina Ferreira – que vence, aliás, qualquer rival nesse campeonato – como teria de ser reconhecida, sem suporte de imagem, pela voz de cana rachada que o país consagrou – como Júlia Pinheiro.
Sim, tem o mesmo direito, o que lhe falta é idêntica capacidade para obter a preferência dos deuses da televisão. Nem todos temos graça, nem todos dispomos de jeito para parecermos engraçados. Susana Pinto assina um trabalho interessante e merece aplausos por isso, mas nada indica que o destino possa, um dia, fazer dela uma estrela. E pela forma como se ri é que não o será com toda a certeza.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 19NOV16
Um riso irritante nas "Viagens à minha terra"
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