Caro Alexandre
Tenho 56 anos, sou natural de Campolide, Lisboa, pratiquei desporto, futebol juvenil nos Belenenses em 74/75, às ordens de mister Mourinho (pai, obviamente) e sou adepto do Benfica, desde que me conheço, por contágio familiar. Apenas por curiosidade e absorção de conhecimentos do jogo de futebol, tirei um curso de treinador de Nível I.
Hoje dei comigo a folhear o “Correio da Manhã”, acção que raramente me motiva, porque, por norma, leio as parangonas nos escaparates e pouco mais. Contudo, as páginas de desporto nunca são indiferentes à minha atenção e, dei conta de um pequeno artigo de opinião, da sua autoria, que me prendeu por alguns minutos: A excelência dos comentários de Luís Freitas Lobo. É evidente que a opinião (…) todos temos! E a minha difere da que li no seu artigo e passo a explicar as razões que me levaram a fazê-lo perder alguns dos seus preciosos minutos a lê-la.
Tenho o maior respeito pelo jornalismo em geral e pelos jornalistas em particular, onde coloco, por exemplo, o Alexandre em posição de destaque. Porém, como de política pouco ou nada percebo, não me consigo imiscuir nesse quadrante dos “media”. Gosto muito de desporto e muito particularmente de futebol. Nesse departamento, são muitos os jornalistas que o divulgam; que o comentam; que o relatam; que o enriquecem.
Todavia, e muito naturalmente como acontece em todas as profissões, há bons e maus profissionais. Pessoalmente, dou menos importância a comentários passivos, ou a frio, chamemos-lhes assim, quando já tudo aconteceu e são tecidas considerações e alternativas às estratégias que deviam ou podiam ter sido operadas. Prefiro reter comentários activos, em tempo real, quando está tudo a acontecer e se fazem leituras, umas vezes disparatadas, outras sensatas.
Pois bem, Luís Freitas Lobo, é talvez um óptimo escritor ou cronista, mas quando assistimos a qualquer jogo por si comentado, não me cativa absolutamente nada. O que observa e o que diz, na minha perspectiva, não enstusiasma o telespectador, não transmite o que se pretende ouvir, é outro Gabriel Alves ao querer marcar a sua chancela com terminologias poéticas ou imagens artísticas que em nada enriquecem um jogo de futebol transmitido em directo na TV. Preferível seria que fosse apenas um prelector, que escrevesse livros, como já o fez, e aí desse largas à sua veia artística com textos coloridos e filosofias de almanaque, como as que tenta passar enquanto comentador activo.
Na minha perspectiva, Freitas Lobo, nunca deve ter praticado futebol, porque a sua noção de Intensidade/espaço/tempo, é fraca e inconsequente. Finalmente, não sabe falar “futebolês”, como Pedro Henriques, por exemplo, por defeito da sua profissão de futebolista, talvez. Não quero com isto dizer que seja um fraco comentador ou que não saiba interpretar um jogo de futebol e todos os factores envolventes, mas comentar “in loco” um jogo de futebol, Freitas Lobo, deixa aos telespectadores mais incautos, a sensação de que se trata de uma ciência exacta, com muitas linhas horizontais, verticais, figuras geométricas, através de uma linguagem catedrática, poética e plena das mais diversas figuras de estilo. Comentador activo, não! Comentador passivo, sim! Ah, e como muitos outros, não explora a riqueza da nossa língua, usando e abusando dos advérbios de modo, seguramente e claramente!
Obrigado pela sua atenção
Respeitosamente
Artur Figueiredo
Um leitor que não concorda com o meu elogio a Luís Freitas Lobo
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