No próximo dia 15, o semanário Sol e o diário i – que em 2014 somaram prejuízos de 8,2 milhões de euros – suspenderão a publicação, dando origem a outro projecto que ficará apenas com um terço dos colaboradores.
Fiel à sua natureza, o Sindicato dos Jornalistas já veio aconselhar os trabalhadores a não aceitarem a rescisão amigável, como se restasse solução melhor a quem fica desempregado.
Situação velha esta e que me traz à memória o que aconteceu no Portugal Hoje – a que me refiro na peça ao lado. Corria o Verão de 1982 quando João Gomes nos anunciou o encerramento do diário, após a luta titânica mas inglória que desenvolveu para conseguir o seu financiamento. Logo a seguir, o director de pessoal, Joaquim Raposo – futuro presidente da Câmara Municipal da Amadora –, iniciou o processo de rescisões contratuais, com a parca generosidade permitida pela tesouraria e que a larga maioria dos jornalistas aceitou.
Recordo-me de me terem dado um cheque de 82 contos – cerca de 3 mil euros hoje, segundo a Pordata, tendo em conta a inflação nos 33 anos decorridos. Os que foram para tribunal vieram a receber quantias irrisórias, pois o jornal não dispunha de qualquer património.
Os anos passam e o resultado é sempre igual: quando não há lucros à vista não há investidores e sem eles não há trabalho. É a lógica do capitalismo que os portugueses sufragam nas urnas há 40 anos.
Observador, Sábado, 3DEZ15
Um destino sempre igual para jornais e jornalistas
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