Há 39 anos, os dias seguintes ao 25 de Novembro expuseram as divisões que se cavaram na sociedade portuguesa. Como sucedera em Abril de 1974, e também na RTP, o controlo da Emissora Nacional, onde eu trabalhava, havia sido um dos objectivos dos revoltosos. Mas enquanto no Lumiar, um futuro assessor de comunicação do primeiro-ministro (!) – em Portugal o crime sempre compensa – ocupava os estúdios com o apoio de militares ditos de esquerda, na Emissora, o então major João Figueiredo, presidente do conselho de administração, montara, com a ajuda de um grupo de civis em que me integrei, um plano que permitiu passar a emissão para o Porto.
Dei voz de seguida ao comunicado que dava conta da operação e que pedia aos trabalhadores que se encontravam perdidos nas instalações do Quelhas – alguns deles afastados de funções pelos golpistas – para irem para casa. Mais tarde, com a reposição da legalidade em todo o País, houve suspensões na Emissora e, como publiquei no Jornal Novo uma descrição pormenorizada – e mal escrita… – do contra-golpe, fui escolhido como inimigo público pelos que perderam, com direito até a um cartoon ameaçador. Quase quatro décadas volvidas, não me arrependo do lado que escolhi, nem me gabo do meu protagonismo. Os arrivistas nunca têm grandeza.
Parece que foi ontem, Sábado, 4DEZ14
Na edição de 2 de Dezembro de 1975, o Jornal Novo revelava como falhara o golpe na Emissora Nacional
Um cartoon ameaçador no rescaldo do 25 de Novembro
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