Os jornalistas são figuras públicas se aparecem na TV e dizem pouco às pessoas se constroem a carreira nos jornais. Pedro Rolo Duarte, que há dias nos deixou, era conhecido por ter feito televisão mas igualmente por um percurso marcado por escolhas exigentes e por uma qualidade de escrita muito acima da média. Foi um notável interpares e terá vibrado, lá no assento etéreo onde subiu, com tantos companheiros a reconhecer-lhe os méritos e a invocar a saudade.
Os músicos, alguns, são mais populares que os jornalistas e a emoção pela partida do Zé Pedro ultrapassou até a simpatia generalizada do País pelos Xutos – que atravessa gerações – e viu a expressão da perda espalhar-se por todos os canais, num raro movimento de concordância coletiva.
Controversa, sim, foi a homenagem que muitos prestaram a Belmiro de Azevedo, perante a indiferença de outros e o repúdio daqueles que veem no desaparecimento de alguém, que triunfou na vida, um lenitivo para as suas frustrações carregadas de ódio e de inveja social. Haverá sempre razão de queixa de quem contratou e teve de despedir – que foi justo mas também injusto. A verdade é que se tivéssemos muitos empregadores como Belmiro, Portugal estaria bem melhor.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 3DEZ17
Três partidas diferentes
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