Há três escalões na marginalidade jovem. O nível mais baixo é o dos simplesmente bandidos, aquele em que se integram tanto delinquentes comuns como aspirantes ao mundo do crime e que podem, por exemplo, estagiar numa claque desportiva. E ali mostrar a sua baixeza, em cânticos de ódio e até de desejo de morte dos adversários – que a TV repetidamente reproduzirá para que outros anormais decorem o refrão.
No degrau intermédio temos o grunho, o inútil que não estuda nem trabalha e que passa os dias no ginásio a tratar da tableta abdominal ou a circular num chaço com o rádio aos berros – e a gasolina paga, tal como as bifanas e os copos, com uns cobres desviados de uma prestação social lá de casa.
É nesta última massa que se faz o recrutamento para os reality-shows que irão depois servir de escola ao terceiro escalão de energúmenos: o dos meninos-família enlevo dos papás, como os que destruíram agora equipamentos hoteleiros em Espanha. Não, não são os mil apontados nas notícias, apenas umas dezenas de imbecis antissociais que sempre se governam nas confusões.
Animemo-nos com a larga maioria de jovens que não se revê nesta onda suja e não faz parte da assustadora caterva de baderneiros que envergonha o país.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 15ABR17
Enlevo dos papás ataca em Espanha
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