Não gosto de programas que usam e abusam das crianças, como os de “caça-talentos”, com jurados de elogio mentiroso, do tipo “vais muito longe”, ou seja, não vais a lado nenhum mas fica-me bem dizer isto.
Assim, nos serões de sábado, antes de me render à Netflix, ignoro “A árvore dos desejos”, da SIC. Claro que fujo ainda ao cabotinismo de “Mental samurai”, da TVI, e só me demoro um pouco na RTP1 para ver a excelente Filomena Cautela.
Acontece que numa madrugada sem sono parei na SIC Mulher e vi uma repetição da “Árvore”. Surpreendido, procurei o início do episódio. Estaria acordado? É que em vez de instrumentalizar as crianças o programa serve-as, dá-lhes mimo, guia-as na descoberta dos valores e, ao cumprir sonhos de uma felicidade julgada impossível, faz da visita às escolas uma festa.
Mas se a qualidade é evidente e a pedagogia uma constante, obrigatório é sublinhar que boa parte do êxito de audiências da “Árvore dos desejos” se deve ao desempenho, simplesmente magistral, de João Manzarra. O entusiasmo do apresentador é contagiante, a sua ternura comove-nos e os diálogos com os miúdos são um achado.
Logo à noite, a terceira temporada de “The Crown” terá de esperar. Manzarra está primeiro.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 30nov19
Trabalho de João Manzarra é magistral
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