Do Parlamento aos painéis televisivos, vivemos a semana do tiro ao Centeno. O ex-ministro das Finanças foi supliciado por querer fechar o seu ciclo no Executivo, como se não tivesse sido o maior obreiro da recuperação económica do país nos últimos cinco anos. Como se não tivesse conseguido o primeiro “superavit” da democracia. Como se não tivesse sido, ainda ele, o artífice de um orçamento suplementar sem cortes e sem novos impostos. E, antes de tudo, como se Mário Centeno não tivesse previsto, em 2015, o fim da crise financeira, e acreditado – contra toda a dúvida instalada – ser possível reduzir o défice e a dívida, e em simultâneo devolver rendimento às famílias.
A irritação dos que o criticam resulta do seu destino dourado imediato, o Banco de Portugal. O presidente do Eurogrupo vai para governador, que escândalo! É a inveja social a funcionar numa sociedade de gente triste, ingrata e desmemoriada. Sim, porque muitos dos ressabiados com a “deserção” de Centeno foram os mais rápidos a atacar Passos Coelho. E a esquecer-se que recebeu um país falido e que só a obsessão pela austeridade de Maria Luís Albuquerque o fez perder as eleições que ganhou. São os sempre a favor do vento que passa…
Antena paranoica, Correio da Manhã, 20jun20
Tiro ao Centeno
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