Foi pena já ter terminado o fim de semana dos grandes jogos, em que não pudemos dar conta de tudo o que de magnífico nos foi proporcionado – como a final da Libertadores, que me passou ao largo. No sábado, dois embates emocionantes e infelizmente simultâneos, em Madrid e em Dortmund, a acabarem com o mesmo marcador inconstante e gordo: 3-2. A seguir, outro confronto intenso, no Dragão, com FC Porto e Sp. Braga numa disputa fantástica que os portistas venceram por terem sido mais felizes e pela sua pressão brutal dos derradeiros minutos. Os minhotos confirmaram que este ano são, finalmente, candidatos ao título. Era tempo.
O êxito do trabalho bracarense é muito da gestão, obviamente, mas menor não é o mérito de Abel Ferreira, em boa hora (para ele) despedido do Sporting, onde teria sempre a vida complicada, e que em Braga conseguiu provar visão e competência. Para isso, precisou de quem confiasse nele e lhe desse uma oportunidade semelhante às rampas de lançamento que um dia tiveram, por exemplo, Paulo Bento, no Sporting, ou Rui Jorge, no Belenenses.
Mas o domingo foi ainda mais excitante, com o excelente empate do Everton de Marco Silva em Stamford Bridge e o triunfo do Bétis de William Carvalho (que jogão!) – e de Sidnei, lembram-se dele? – em Camp Nou, numa partida também carregada de emoção. Depois, o Tondela-Benfica – com dois golos a abrir e o pé frio de Conti a assinar o ponto – a cair em cima do frenético dérbi de Manchester e do surpreendente empate (diria até uma “quase vitória”) da brigada portuguesa do Wolves, no Emirates. E o Milan-Juventus – em que Cristiano fez mais um golo e “ajudou” Szczesny a defender o penálti de Higuaín… – a sobrepor-se igualmente ao desenxabido Celta-Real Madrid e ao terceiro resultado positivo de Tiago Fernandes no comando dos leões.
É pena que Frederico Varandas não aproveite a “boa onda” de Tiago na rápida fase pós-Peseiro, e lhe recuse uma oportunidade. Em nove dias, o Sporting alcançou duas vitórias – e é segundo na Liga! – e um empate, este frente ao Arsenal, sempre uma proeza. Foi bom para os de Alvalade mas o pior que podia acontecer a Marcel Keiser, que já não vai ser o bombeiro de serviço que veio apagar os pequenos fogos de José Peseiro, mas o alquimista a quem será exigido que faça melhor que Tiago Fernandes. À partida, o presente está envenenado e o holandês não pode sequer fiar-se nos dois anos e meio de contrato que gentilmente lhe deram a assinar, se é que alguém lhe explicou que vai ser o quinto (!) treinador do Sporting dos últimos seis meses. E se a vida não lhe correr bem, o fantasma de Tiago lá estará para o assombrar: todos recordarão o que se conseguiu no curto “período de ninguém”.
Se pudesse aconselhar o filho de Manuel Fernandes, dir-lhe-ia para não deixar que o olhassem de lado como mais um adjunto e que se refugiasse nos sub qualquer coisa em Alcochete… até ver. Mas isso sou eu, um pessimista inveterado.
Último parágrafo para a arbitragem de Tiago Martins em Alvalade. Esteve mal na expulsão e bem no penálti. O erro na apreciação de faltas semelhantes à que foi cometida sobre Bas Dost deve atribuir-se não a ele mas a muitos outros árbitros, que fazem vista grossa a essas infrações e permitem que a lei do vale tudo na área se transforme em regra.
Outra vez segunda-feira, Record, 12NOV18
Tiago Fernandes não merecia uma oportunidade?
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