Alexandre Pais

Tempestade perfeita em Old Trafford

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Quando o craque aterrou em Manchester, Solskjaer disse, com sabedoria, que queria ‘gerir’ a condição física de Cristiano Ronaldo. Percebeu-se que contava recorrer ao internacional português mais nos duelos internos a ‘doer’ e na Liga dos Campeões. Parecia lógico, atendendo aos seus 36 anos e meio – é verdade, não vai para novo.

Caíram em cima do norueguês os barões do United, com Ferguson à cabeça: CR7 tem de ser titular, tem de ‘estar lá’ sempre. E da Cidade do Futebol, Fernando Santos ajudou à festa, explicando que o capitão da Seleção precisa é de jogar para ganhar ritmo – e escalando-o para defrontar Catar e Luxemburgo. Fragilizado e com os maus resultados a acumular-se, o treinador do MU cedeu e, em Leicester, Cristiano entrou não só de início como esteve em campo até ao fim. Certo é que surgiu claramente cansado e fez a pior exibição da época.

É a tempestade perfeita: na quarta-feira, o Manchester United terá um jogo decisivo contra a Atalanta – na Champions, após o desaire com o Young Boys, os jogos do MU são todos decisivos. Depois, a situação é ainda mais dramática para Solskjaer: Liverpool, em casa, Tottenham e de novo Atalanta, fora, e City, em Old Trafford. Com cinco ‘finais’ em 18 dias, o treinador do United debate-se com uma dúvida terrível: como ‘gerir’ Cristiano para não ser despedido? Ou seja, está ‘entalado’…

Sábado ingrato para os adeptos, ‘obrigados’ a saltar de canal em canal. Quase ao mesmo tempo, Bernardo e Cancelo, e mais tarde Rúben Dias, a abrirem o livro, no City; Ricardo Pereira, de volta aos melhores dias, com o Leicester a golear (!) o United, de Cristiano e Rúben Fernandes; e a ‘armada portuguesa’ de Lage, com Sá, Moutinho, Neves, Semedo, Podence e Fábio, a assinar uma reviravolta inacreditável na visita do Wolves a Villa Park. Logo a seguir, outro ‘pelotão lusitano’, o do Lille – com Fonte, Djaló, Xeka e Sanches – foi menos feliz na visita ao Clermont. De qualquer modo, foram 17 compatriotas a confirmarem, em duas das maiores ligas, a pujança do futebol português. Curiosamente, metade não esteve na derradeira convocatória de Fernando Santos… tal é a fartura!

Está jogar bem a Roma… Mourinho tem é de arranjar quem saiba marcar penáltis. Podia não ter perdido em Turim.

Bonita festa no regresso dos dérbis ao Restelo, com uma estimulante primeira parte do Belenenses e a confirmação, nas bancadas, que o clube segue vivo no coração dos adeptos. Mas não entremos em euforia, estamos no Campeonato de Portugal e a subida, a partir daqui, vai obrigar a uma luta sem tréguas. O apoio à equipa terá de ser incondicional, massivo, entusiástico e persistente. Só assim, teremos ‘a certeza de vencer’.

Permita-me o leitor sair dos temas de desporto e dedicar o último parágrafo aos 90 anos de um jornalista excecional, de um gigante: Germano Silva. Recordo, com emoção, uma descida guiada da Sé à Ribeira, no início do século, em que eu e um pequeno grupo de amigos o seguimos, enlevados, num ‘banho’ de Porto carregado de história, eloquência, humor e paixão. Por essa inesquecível jornada, pelos 90 e por tudo o resto, que é imenso: chapeau, Germano!

Outra vez segunda-feira, Record, 18out21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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