Os três grandes do futebol português fizeram investimentos superiores a 80 milhões de euros nas suas equipas de futebol, o que parece um suicídio tendo em conta não só os seus passivos – com todos os “suicídios” antecedentes – como também a dramática situação do país, que vai fazer com que menos gente acorra aos estádios na presente época.
Mas esses investimentos não podem ser apreciados em conjunto porque… cada clube é um caso. Desde logo, o FC Porto, com os seus 30 milhões, que são em boa verdade só 15 milhões, já que a “libertação” de André Villas-Boas rendeu outros 15. Os portistas ainda não fecharam, nem as compras, nem as vendas, e feitas as contas no final apresentarão saldo positivo, como é dos livros.
Depois o Benfica, que gastou 32 milhões de euros, mas que anuncia ter recebido mais de 38 milhões, com as vendas de Coentrão e de Roberto. Se assim foi, ainda tem uma folga na tesouraria para mais um reforço. Ou dois ou três, o que for.
Finalmente o Sporting, o que mais investiu e também o caso de maior risco, pois não estará nesta Liga dos Campeões, nem tem, aparentemente, ninguém para ceder que amenize os 20 milhões de euros que “voaram”, entre contratações promissoras e rescisões difíceis.
O problema dos leões – e igualmente o do Benfica que, há que recordá-lo, estendeu por mais uma temporada as expetativas frustradas da anterior – é que só há duas vagas certas para a “euroliga dos milhões” de 2012/13.
Se não se apurar para essa edição da Champions, o Sporting sofrerá uma enorme quebra de receitas – que começará, aliás, já nesta época, com a progressiva desmotivação dos seus adeptos – e ficará em situação muito complicada. Ou seja, terá, a exemplo do país, feito figura com o dinheiro alheio, e não poderá impedir que os senhores do capital apareçam para cobrar. E uma troika qualquer em Alvalade não deixaria pedra sobre pedra.
Godinho Lopes precisa de sorte. De sorte e de muitas bolas dentro das balizas dos adversários. Se sabe, que não hesite – está na hora de se recolher e rezar.
Canto direto, crónica publicada na edição impressa de Record de 13 agosto 2011